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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Quedas - como evitar



“Dona Maria Aparecida, uma idosa forte e sadia de 83 anos, tem costume de tomar seu bromazepan para dormir. Mora sozinha com seu esposo, Seu Ademar, mais enfraquecido, depois da isquemia cerebral que lhe deixou o lado esquerdo do corpo mais lento. Uma bela noite, preocupada com a viagem da filha, com a família, para praia, não conseguiu dormir direito e teve a idéia de tomar mais um pedacinho do bromazepan. Como faz toda noite, levantou-se para urinar. Só que desta vez, ao caminhar para o banheiro, teve uma tonteira forte e caiu. Na queda, à entrada do banheiro, quebrou a perna,mais precisamente a cabeça do fêmur esquerdo. Ficou caída a noite inteira, pois não teve forças para se levantar, e seu marido não ouviu nada, dormindo a noite inteira. Quando a empregada chegou pela manhã, achou estranho que a patroa não tivesse ainda levantado. Qual não foi o susto, quando encontrou-a caída na porta do banheiro, toda urinada, falando coisas confusas e desconexas, pedindo para fazer o café de Ademar!”
A história acima se repete várias vezes, ao longo dos anos, em nossas cidades, testemunhada pelos nossos plantonistas da traumatologia e ortopedia. As quedas não são doenças, é claro, mas um dos piores eventos, uma das piores condições que levam a uma série de problemas e doenças em nossos idosos.
Alguns números:
Ocorrência de quedas por faixas etárias a cada ano:
  • 32% em pacientes de 65 a 74 anos
  • 35% em pacientes de 75 a 84 anos
  • 51% em pacientes acima de 85 anos
  • No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano.
Conseqüências:
  • 5% das quedas resultam em fraturas.
  • 5% a 10% resultam em ferimentos importantes necessitando cuidados médicos.
  • Mais de dois terços daqueles que têm uma queda cairão novamente nos seis meses subseqüentes.
  • Os idosos que caem mais de duas vezes em um período de seis meses devem ser submetidos a uma avaliação de causas tratáveis de queda.
  • Quando hospitalizados, permanecem internados o dobro do tempo se comparados aos que são admitidos por outra razão.
No caso de dona Aparecida, o medicamento para dormir foi a causa de sua tonteira e queda (temos certeza que a partir desta queda, dona Aparecida perdeu muito de sua independência e autonomia). Porém, outras causas podem ocasionar as quedas, que vão desde os problemas de saúde do próprio idoso até as condições de moradia e acidentes em vias públicas.
Alguns exemplos de condições e problemas de saúde que podem ocasionar quedas em idosos:
  • O próprio envelhecimento é uma condição para predispor quedas, pois há uma lentidão dos reflexos posturais, dificuldades visuais, principalmente à noite, fraqueza muscular das pernas e braços. Lembrar que quanto mais velho for o idoso (idoso longevo), maior o risco de instabilidade postural e de desequilíbrio.
  • Outros problemas visuais como a catarata e o glaucoma.
  • Doenças neurológicas como a doença de Parkinson e os acidentes vasculares cerebrais.
  • Doenças ortopédicas como as osteoartrose e osteoporose.
  • Uso de medicamentos para dormir, medicamentos para coração e hipertensão (podem causar tonteiras e pressão baixa).
  • quadros de incontinência urinária, principalmente quando houver a necessidade urgente de ir ao banheiro, levantando rápido da cama.
Lembramos que a maioria das quedas ocorre dentro da própria casa! Portanto, muitas das causas de quedas estão dentro de nossa própria casa, ou seja, podemos estar morando com o inimigo! As escadas, o banheiro, a sala de estar, os quartos e a cozinha podem, potencialmente, provocar quedas. Vamos dar alguns exemplos:
  • Pisos escorregadios, com superfícies lisas, úmidas e enceradas; pisos irregulares, ainda em construção, tacos soltos ou pisos quebrados.
  • Tapetes soltos e desfiados, que podem deslizar e causar tropeções.
  • Obstáculos no chão: fios elétricos, brinquedos, mesas pequenas, animais domésticos…
  • Iluminação deficiente: luzes fracas, iluminando mal os ambientes, ou luzes mal posicionadas, causando reflexos diretos nos olhos dos idosos.
  • Ambientes com várias tonalidades de uma mesma cor: os idosos não distinguem com clareza estes tons( móveis, chãos e portas de uma mesma cor), causando confusão e risco de quedas.
  • Camas de altura inadequada, baixa demais ou alta demais.
  • Cadeiras baixas e sem braços para apoio.
  • Móveis frágeis, principalmente se localizados em corredores onde os idosos os façam também como apoio.
  • Escadas sem corrimão e com degraus altos e inapropriados, mal sinalizados, sem pisos antiderrapantes e com iluminação deficiente (ufa!).
  • Vasos sanitários baixos e sem apoios laterais.
  • Falta de apoios laterais nos boxes, para o banho.
  • Calçados inapropriados, não emborrachados nos solados, como chinelinhos de flanela.
Algumas medidas preventivas, preconizadas pelas Diretrizes da Associação Médica Brasileira, para reduzir o impacto das quedas em idosos:
  • Orientar o idoso sobre os riscos de queda e suas conseqüências. Esta informação poderá fazer a diferença entre cair ou não e, muitas vezes, entre a instalação ou não de uma capacidade.
  • Racionalização da prescrição de medicamentos, correção de doses e de combinações inadequadas.
  • Redução da ingestão de bebidas alcoólicas.
  • Avaliação anual: oftalmológica, da audição e da cavidade oral.
  • Avaliação rotineira da visão e dos pés.
  • Avaliação com nutricionista para correção dos distúrbios da nutrição.
  • Fisioterapia e exercícios físicos (inclusive em idosos frágeis) visando: melhora do equilíbrio e da marcha; fortalecimento da musculatura proximal dos membros inferiores; melhora da amplitude articular; alongamento e aumento da flexibilidade muscular; atividades específicas para pacientes em cadeiras de rodas; identificação dos pacientes que caem com freqüência, encorajando a superar o medo de nova queda através de um programa regular de exercícios. Idosos que se mantêm em atividade, minimizam as chances de cair e aumentam a densidade óssea evitando as fraturas.
  • Terapia ocupacional promovendo condições seguras no domicílio (local de maior parte das quedas em idosos); identificando “estresses ambientais” modificáveis; orientando, informando e instrumentalizando o idoso para o seu autocuidado e também os familiares e/ou cuidadores.
  • Denunciar suspeita de maus-tratos.
  • Correção de fatores de riscos ambientais (por exemplo: instalação de barra de apoio no banheiro e colocação de piso antiderrapante).
  • Medidas gerais de promoção de saúde: prevenção e tratamento da osteoporose: cálcio, vitamina D e agentes anti-rearbsortivos; imunização contra pneumonia e gripe; orientação para evitar atividades de maior risco (descer escadas por exemplo) em idosos frágeis desacompanhados.

Texto - do Portal do Cuidador

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