O ideal é que o paciente seja examinado por um dentista para identificar a causa dos problemas encontrados, e o tratamento pode ser desde uma substituição de um medicamento que causa a boca seca, ou de uma prótese desadaptada, limpeza dos dentes e gengiva, ou ainda pequenos procedimentos cirúrgicos, e devem sempre ser acompanhados de uma adequação dos procedimentos de higiene usados pelos cuidadores ou pelo próprio idoso, que seriam:
Escovação dos dentes após as refeições, com escova macia, sempre fazendo movimentos delicados e circulares em todos os lados dos dentes, e de preferência usando o fio dental após todas as refeições ou ao menos uma vez ao dia. Algumas observações:
- Recomenda-se que quando haja necessidade da atuação de um cuidador, essa higiene seja feita logo após a refeição, pois é um momento em que o paciente precisa ficar sentado por um tempo para não ter refluxo, e está em melhores condições de colaborar.
- Existem no mercado escovas elétricas que auxiliam muito na limpeza dos dentes e gengiva, e é uma opção que traz uma relação custo-benefício muito boa.
- Escovação da língua com escovas ou com outros dispositivos plásticos encontrados (raspadores de língua), ou mesmo uma colher, removendo cuidadosamente resíduos, até um limite que não provoque náuseas.
A sugestão é comentar sobre a preocupação com os próprios dentes, procurar observar o paciente fazendo a higiene, observar como ele se alimenta, como seleciona os alimentos no prato, a dificuldade que tem para mastigar e deglutir e até mesmo se oferecer para mostrar uma melhor maneira de limpar os dentes. Para aquelas pessoas que já utilizam próteses, após todas as refeições, essas devem ser removidas e primeiramente a boca deve ser limpa. Caso não haja nenhum dente presente, as bochechas, a língua, as gengivas e o céu da boca devem ser suavemente massageados por uma escova macia ou mesmo por uma gaze ou uma fralda embebida em água ou soro fisiológico. Recomenda-se ainda que o paciente beba um pouco de água em seguida, para concluir a ingestão de restos alimentares.
Quanto à higiene dessas próteses, a orientação é que seja feita com um creme dental normal ou com sabão neutro e uma escova pequena e de cerdas médias. Deve ser evitado o uso de bicarbonato de sódio ou outros produtos abrasivos, porque estes deixam a superfície da prótese mais áspera, o que facilita o acúmulo de pigmentos e placa bacteriana. As próteses devem ser escovadas o mais próximo possível da pia, ou com a cuba cheia de água, para evitar fraturas em caso de quedas. Em casos onde já se observa manchas e crostas nas próteses, pode-se deixá-las durante a noite em um recipiente com uma parte de água sanitária para duas partes de água filtrada e caso as manchas não desapareçam, um dentista deverá ser consultado para avaliar a real condição dessas próteses.
É importante que os cuidadores e pessoas ligadas ao idoso tenham sempre o cuidado de observar a presença de dentes quebrados, cariados, amolecidos, com sujeira acumulada, gengivas inflamadas e com sangramento, mau-hálito, língua “grossa”, manchas brancas ou escuras, caroços, inchaços em lábios, bochechas e língua, e diante dessas situações procure uma avaliação profissional.
Muitas pessoas se chocam ao ver pela primeira vez a situação da boca de seus pais ou entes idosos, e é sem dúvidas muito pior que isso aconteça em estágios avançados de doenças como o Alzheimer, onde um tratamento adequado seria mais difícil de ser realizado, havendo a necessidade de medidas mais radicais, muitas vezes extraindo dentes que poderiam ser tratados. É muito importante criar oportunidades para observar a boca periodicamente e procurar buscar respostas para dúvidas com o dentista, médico ou com o pessoal de saúde envolvido nos cuidados.
Arthur Eumann Mesas é Cirurgião Dentista – UNESP, Pós-graduando em Saúde Coletiva – UEPG e Pesquisador voluntário do Projeto de Assistência Interdisciplinar ao Idoso em Nível Primário - UEL.- www.direitodoidoso.braslink.com